
Fonte: IBBY
O Prêmio Hans Christian Andersen (HCA) é considerado o Nobel da Literatura para Crianças. Dez dos maiores ilustradores de livros infantis do mundo que receberam essa distinção, criaram echarpes, em edição limitada para apoiar o trabalho do International Board on Books for Young People (IBBY). Nesta crise global, causada pela pandemia do coronavírus, muitas Seções Nacionais do IBBY precisam de ajuda para continuar seu trabalho de promoção do livro e do direito à infância.
Entre os convidados para participar do projeto, está o ilustrador e vice-presidente do Instituto de Leitura Quindim, Roger Mello. Compõem esse grupo de notáveis ilustradores, além do brasileiro, Albertine (Suiça), Quentin Blake (Reino Unido), Robert Ingpen (Austrália), Roberto Innocenti (Itália), Farshid Mesghali (Irã), Igor Oleynikov (Russia), Květa Pacovksá (República Tcheca), Peter Sís (RepúblicaTcheca/USA) e Lisbeth Zwerger (Áustria).

Para o ilustrador brasileiro Roger Mello é “uma grande honra participar deste projeto, um projeto que mostra a diversidade e abrangência da linguagem narrativa visual através dos ilustradores laureados com o Prêmio Hans Christian Andersen no mundo. Na verdade, uma sugestão minha que foi encaminhada pela Junko Yokota e a Patrícia Aldana ganhou uma outra dimensão, e os outros membros do IBBY sugeriram que poderiam fazer um movimento artístico e de criação de peça utilitária que a inscrever-se no corpo, na vestimenta, como a possibilidade da narrativa visual uma vez que o IBBY tem como princípio promover a paz através do conhecimento do outro através da leitura. A participação de Nami e do ilustrador e designer Kang Woohyon garantiram a qualidade da impressão milenar na seda e do arrojamento no design. Representar a força da arte brasileira, em meio a este grupo de feras, artistas que me influenciaram, juntamente ao IBBY e a Nami, Organismos basilares, essenciais para nós e para o mundo".
As artes foram criadas de forma original para dez lindos lenços de seda e produzidos em edições limitadas de cinquenta exemplares para cada arte. Os lenços possuem 50x180cm e poderão ser adquiridos pelo valor de US$ 200,00 cada.
O importante designer Kang Woo-Hyon, da Ilha de Nami (Coréia do Sul), fez o design e supervisionou a criação desses belos lenços.
A venda dessas echarpes terá início na quarta-feira, 2 de setembro de 2020, às 14h30, horário de Verão da Europa Central (CEST) e 9h30 horário de Brasília. Para ter mais informações sobre como adquirir um lenço original é necessário acompanhar o site do IBBY https://fundraising.ibby.org/
As echarpes são tão lindas e únicas que fica difícil escolher. Confira abaixo a arte e os artistas que estão participando:


“Embora o trabalho de Mesghali esteja enraizado em sua cultura, sua infância e suas experiências, seus temas e linguagem visual são universais e podem ser entendidos em todo o mundo.”
Farshid Mesghali nasceu em Isfahan. Estudou arte na Universidade de Teerã e começou a trabalhar na revista Negin em 1964 como designer gráfico e ilustrador. Entre 1970 e 1978 realizou vários filmes de animação, cartazes e livros infantis premiados para o Instituto de Teerã para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens, entre eles o filme O Menino, o Pássaro e o Instrumento Musical, que foi premiado no Festival de Cinema de Veneza em 1972. Venceu o Prêmio HCA em 1974. Em 1979 mudou-se para Paris e trabalhou como artista produzindo esculturas e pinturas. Depois mudou-se para o sul da Califórnia em 1986, onde abriu um estúdio de design gráfico e começou a projetar ambientes de realidade virtual para a internet. Voltou ao Irã em 1998.
Mesghali foi um dos líderes da cena moderna de livros ilustrados iranianos e influenciou gerações de jovens artistas. Sua arte se concentra nos contos populares persas tradicionais, combinando elementos da arte ilustrativa moderna com os do folclore tradicional. Um de seus livros mais queridos, The Little Black Fish , de Samuel Bahrang, mostra a importância de aprender a lutar contra o preconceito e pela liberdade e os direitos individuais.


“As fotos ilustrativas são como as nossas vidas: têm planos de fundo e primeiros planos, e o espaço imaginativo. A grande diferença é que em uma imagem o plano de fundo e o primeiro plano são vistos juntos, mas em nossas vidas, o fundo cessa justo agora e o primeiro plano é o nosso futuro.”
Robert Ingpen nasceu em Melbourne e cresceu em Geelong, ao sul da cidade. Depois de se formar no Royal Melbourne Institute of Technology (agora RMIT University), ele trabalhou como artista gráfico e ilustrador para a Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth e, posteriormente, para a ONU no México e Peru. De volta à Austrália, pintou murais para edifícios públicos, desenhou selos postais e até mesmo o brasão e a bandeira do Território do Norte da Austrália.
O estilo de Ingpen é distinto. Seu senso de perspectiva e composição frequentemente enfatiza os efeitos da luz e da sombra. Suas ilustrações são autênticas tanto no cenário quanto nos detalhes históricos, mas evitam todos os traços de "sentimentalismo". Ele expressa seu profundo sentimento pelo meio ambiente australiano, em particular suas praias, rios e campos, e traz uma apreciação realista de sua terra natal em seus livros para crianças. Em 2018, Ingpen concluiu um mural pintado em sete painéis de compensado marinho que retrata uma estante de livros. Suas prateleiras estão cheias de personagens de histórias clássicas. Ingpen doou a estante mágica para a Biblioteca Nacional da Austrália. Ganhador do HCA em 1986.


"Sem os detalhes adequados, uma imagem não pode ser vívida - mas sem o uso hábil do espaço livre, uma imagem não pode ganhar vida.”
Lisbeth Zwerger nasceu em Viena, onde estudou no College of Applied Art. Ela começou sua carreira artística como pintora e fez muitas exposições de sucesso pela Áustria. Em 1977, começou a ilustrar livros infantis e encontrou seu lar na fantasia clássica, contos de fadas e lendas, sagas e fábulas. Seu primeiro livro ilustrado foi The Strange Child de ETA Hoffman, e no ano seguinte ilustrou O Quebra-nozes, também de Hoffmann, que obteve sucesso mundial. Zwerger passou a ilustrar obras de Dickens, Wilde, Nesbit, Grimm, Andersen, Carroll, Baum e Morgenstern, entre outros.
Suas ilustrações são lindas, fantásticas e ao mesmo tempo grotescas. Ela combina elementos de humor com melancolia, alegria, movimento e dança. Zwerger trabalha com tinta e aquarela e seu estilo e expressividade refletem sua interpretação poética das histórias que seleciona. Seu estilo é semelhante ao dos ilustradores ingleses do século 19 e ela reconhece ter sido influenciada pela obra de Arthur Rackham. Ela cria um mundo fechado próprio, onde cada ilustração é uma obra de arte em si e ainda é capaz de acompanhar o fluxo da história. Ganhadora do HCA em 1990.


“Um desenho é tal como é. Não deve e não pode fingir. Expressa nossos sentimentos e pensamentos. É como música. Cada tom individual é bonito por si só e em certos agrupamentos criamos novas dimensões, harmonia, desarmonia.”
Květa Pacovská nasceu em Praga. Estudou na Escola de Arte Aplicada de Praga com o professor Emil Filla - um representante significativo do modernismo tcheco que apresentou seus alunos ao movimento de vanguarda europeu. Embora seus livros sejam principalmente para crianças, sua originalidade, clima poético e imaginação os transformam em obras de arte. Suas ilustrações para as Histórias de Rootabaga de Carl Sandberg, ganharam o Grande Prêmio na primeira Bienal Internacional de Bratislava em 1965.
Seus conceitos refletiram o espírito da década de 1960 e o início do movimento pop-art. Sua criatividade brilhante e ideias originais influenciaram gerações de ilustradores e designers de livros: ela se tornou uma mágica da arte moderna. Seus livros têm uma qualidade dinâmica e revelam sua alegria em contar histórias envolvendo criações fabulosas de sua imaginação. As crianças gostam de interagir com suas formas, cores, espaços e linhas. Ela ilustrou muitos contos de fadas de Andersen e Grimm, e traz elementos de volta uma e outra vez, como janelas, olhos, gatos, lápis, palhaços e muitos mais. Ganhadora do HCA em 1992.


“Tenho tendência a me importar com as pessoas - as caras que fazem e a maneira como se movem. Se você tem o instinto de querer desenhar e contar histórias em imagens, há muitas coisas diferentes com as quais se pode contribuir.”
Quentin Blake nasceu em Londres e cresceu em Sidcup, Kent. Seu primeiro desenho publicado apareceu na revista Punch quando ele tinha apenas 16 anos. Trabalhou como ilustrador e artista de capa para Punch e The Spectator. Foi o chefe do Departamento de Ilustração do Royal College of Art. Na sua gestão, Blake valorizou a enfoque na ilustração de livros infantis.
Suas ilustrações são engraçadas e "pé na terra", com uma alegria contagiante. Sua originalidade e senso de humor, juntamente com sua habilidade de traço, cor e movimento, fizeram dele um ilustrador amado em todo o mundo. Seus livros ganharam inúmeros prêmios, incluindo o Prêmio Whitbread, a Medalha Kate Greenaway, o Prêmio Emil/Kurt Maschler e o Prêmio Internacional Bologna Ragazzi. Venceu o HCA em 2002.


“Foi incrível descobrir, depois de anos de dúvidas atrozes, que as crianças entendem tudo e não têm medo, na verdade até amam as complicações, e que simplificar, em nome delas, não mascara um sacrifício por parte do autor, mas uma ignorância competente.”
Roberto Innocenti nasceu em Bagno a Ripoli, perto de Florença deixou a escola aos treze anos e foi trabalhar na fundição de aço local, mudando-se posteriormente para uma loja de arte como assistente. No final da década de 1950, ele conseguiu um emprego em um estúdio de animação em Roma, onde começou sua vida como ilustrador. Seu talento logo foi reconhecido por uma editora e foi convidado a ilustrar livros infantis. Sua descoberta veio em 1983, quando Innocenti foi contratado para ilustrar a Cinderela de Charles Perrault, que se tornou um sucesso internacional. Em 1985, ganhou o prêmio Golden Apple na Bienal Internacional de Bratislava por Rose Branca, escrita por Christophe Gallaz. Recebeu uma citação do Livro de Honra do Boston Globe-Horn Book Prize, um prêmio Mildred L. Batchelder, duas medalhas Kate Greenaway e ganhou o prêmio de melhor livro ilustrado do ano da The New York Times Book Review em 2002. Ganhador do HCA em 2008.
Muitos dos livros ilustrados por Innocenti são clássicos infantis, mas ele também abordou histórias desafiadoras sobre o Holocausto. Innocenti usa cenários e personagens realistas em suas ilustrações, tornando as obras intensamente dramáticas. Suas ilustrações são repletas de ação e movimento, com um uso quase teatral de luz e sombra.


“Descobri que não é preciso descobrir novos continentes, que as pessoas podem explorar em sua mente mesmo quando trancadas em uma cela de prisão e que os livros podem ser minha casa, meu idioma, meu país. Os livros são pontes que levam você a lugares...”
Peter Sís nasceu em Brno, na comunista Tcheco-Eslováquia, e cresceu em Praga. Seus pais, ambos artistas, estimularam suas aspirações artísticas desde tenra idade, e as histórias das viagens de seu pai na China e no Tibete tiveram uma profunda influência em seu trabalho. Sís frequentou o Royal College of Art de Londres, onde estudou com Quentin Blake. Ganhou o Prêmio Urso de Ouro pelo curta de animação, Hlavy, no Festival de Cinema de Berlim Ocidental de 1980. Em 1984, foi para os Estados Unidos, onde se tornou cidadão em 1988.
Peter Sís ganhou o prêmio de Melhor Livro Ilustrado do Ano da The New York Times Book Review sete vezes; a Caldecott Honor da American Library Association quatro vezes; a Medalha Robert Silbert da ALA de 2008 para o livro informativo mais destacado para jovens leitores; prêmio do livro Boston Globe-Horn quatro vezes; e o Deutscher Jugendliteraturpreis em 1999 e 2015. Foi premiado com o MacArthur Fellowship Award em 2003. Foi premiado como HCA em 2012. A liberdade artística para Sís é inseparável da liberdade política e intelectual, e suas obras celebram esses valores entrelaçados.


“Imagens narrativas em livros podem fazer uma grande mudança, e realmente fazem. Podemos ver o que acontece com muitas iniciativas de sucesso quando viajamos pelo Brasil. Os livros estimulam a tolerância ao aceitar a diferença, sem ideias preconcebidas ou ódio, sem julgar, e por meio do diálogo com o outro.”
Roger Mello nasceu em Brasília. Quando criança prestava atenção à vida, em particular à natureza em todas as suas formas: humana, animal ou vegetal, e conserva essa curiosidade até hoje. Trabalhando como ilustrador, escritor e dramaturgo, ele ilustrou mais de cem títulos, muitos deles como escritor e também ilustrador. Vencedor de inúmeros prêmios nacionais e internacionais como o Jabuti, Prêmio FNLIJ, Chen Bochui International Children’s Literature Award, foi agraciado como o Prêmio HCA em 2014. É fundador e vice-presidente do Instituto de Leitura Quindim que se dedica à promoção da leitura no Brasil.
As ilustrações de Roger fornecem caminhos para explorar a história e a cultura do Brasil. Ele nunca subestima a capacidade de uma criança de reconhecer e decodificar fenômenos e imagens culturais. Suas ilustrações permitem que as crianças sejam guiadas pelas histórias através da imaginação. Viagem e descoberta são aspectos importantes da expressão artística de Roger e o rico conteúdo de suas ilustrações reflete sua paixão pelo arte tradicional e pela exploração do mundo. Ele compartilha com seus leitores seus interesses pela cultura e rituais brasileiros e internacionais, por meio de ilustrações inovadoras e inclusivas. Mello incorpora imagens que promovem a tolerância e o respeito pelas culturas e tradições mundiais. Seu uso de cores neste ritual e seu simbolismo dão a seus livros um ar cerimonial que reúne esses diferentes elementos.


“Uso tudo o que tenho à mão: vassoura, trapos… desde que a ideia seja concretizada de forma expressiva. Para mim, o maior elogio do leitor poderia ser um grito de surpresa ‘Ah!’ quando ele abre um livro com minhas ilustrações.”
Igor Oleynikov nasceu em Lyubertsy, perto de Moscou. Começou a desenhar ainda criança, mas depois estudou no Instituto de Engenharia Química. Ele trabalhou por três anos como engenheiro após completar seis anos de estudos. Em 1979, Igor começou a trabalhar como artista no estúdio de animação Soyuzmultfilm e depois no Christmas Film Studios da BBC Rússia. Em 1986, começou a trabalhar como ilustrador de periódicos infantis e em projetos de livros. Ele é um artista prolífico e suas ilustrações são muito dinâmicas com personagens incomuns, muitas vezes representados cinematograficamente. Igor prefere pintar com guache e trabalhar com texturas.
Ilustrou mais de 80 livros para crianças e jovens adultos, incluindo muitos contos de fadas e obras clássicas da literatura infantil. Além de inúmeras exposições na Rússia, Igor expôs na Feira do Livro Infantil de Bolonha e na Bienal de Bratislava. Foi agraciado com o Prêmio HCA em 2018.


“As crianças são leitores inteligentes e Germano e eu abordamos nossas histórias em todas as suas formas. O livro juvenil é um espaço aberto de grande liberdade criativa que permite todas as invenções e todos os prazeres. É um jogo, um diálogo. Nós inventamos histórias juntos.”
Albertine nasceu em Dardagny, perto de Genebra. Ela estudou na École des arts decoratifs e na École supérieure d'art visual em Genebra. Casada com o escritor Germano Zullo. Seus livros infantis receberam inúmeros prêmios, incluindo o Golden Apple da Bienal de Bratislava e o New York Times Best Illustrated Book, em 2012, o International Bologna Ragazzi Award 2016 e o Green Island Award no Nami Island Concours em 2017.
Seus desenhos são vivos e cheios de humor. A sua espontaneidade natural transparece ao longo das suas obras, com sentido de detalhamento e precisão. Ela expôs seus desenhos, serigrafias, obras litográficas e xilogravura em Genebra, Paris, Roma, Valência e Tóquio. Ganhadora do HCA 2020.
Sobre IBBY
IBBY é uma organização sem fins lucrativos que trabalha em 81 países para reunir crianças e livros. A Seção Nacional do IBBY no Brasil é a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ. As Seções Nacionais do IBBY realizam importante trabalho como projetos de promoção da leitura, criação de prêmios e distinções a fim de estimular a qualidade dos livros publicados no país, construir bibliotecas locais, e, em muitos países, trazem biblioterapia para crianças refugiadas, crianças deslocadas por desastres naturais e menores desacompanhados. Desde 1956, o IBBY concede o Prêmio Hans Christian Andersen, o prêmio internacional de livro infantil de maior prestígio, a um escritor e um ilustrador por seu notável trabalho.
Prêmio Hans Christian Andersen
O Prêmio Hans Christian Andersen por conquistas vitalícias é concedido a cada dois anos pelo IBBY após um processo de avaliação rigoroso por um júri internacional de especialistas em livros infantis.
No Brasil, 3 artistas receberam essa distinção, as escritoras Lygia Bojunga e Ana Maria Machado e o ilustrador Roger Mello
O prêmio é generosamente apoiado pela parceira do IBBY e Nami Island Inc.
Fonte: IBBY
Tradução livre do Instituto de Leitura Quindim
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